E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Et cognoscetis veritatem, et veritas liberabit vos. (João 8:32)
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
DEUS PODE NÃO REMOVER O SOFRIMENTO
De todos, esse é o princípio mais difícil. Quantas vezes nós já pensamos e falamos: “Senhor por que estou sofrendo? Por que desse jeito? Por que até agora? Por que o Senhor ainda agiu?”. Joni Eareckson ficou tetraplégica e numa cadeira de rodas dá testemunho de Jesus. Fanny Crosby ficou cega com 42 dias e morreu aos 92 anos sem jamais perder a doçura. Escreveu mais de 4 mil hinos. Dietrich Bonhoeffer foi enforcado no dia 9 de abril de 1945 numa prisão nazista. Se Deus não remover o sofrimento, ele nos assistirá em nossa fraqueza, nos consolará com sua graça e nos assistirá com seu poder. A graça de Deus nos capacita a lidar com o sofrimento, sem perdermos a alegria nem a doçura (2Co 12.10) .
Hernandes Dias Lopes
A vida é questão de fé
Dâmocles invejava Dionísio, governador de Siracusa, a cidade mais rica da Sicília do século 4. Acreditava que Dionísio era um bem-aventurado, que possuía tudo quanto um homem pode desejar. Até que foi convidado por Dioníso para trocar de lugar com ele por um dia. No banquete noturno, Dâmocles percebeu que havia sobre sua cabeça uma espada que pendia do teto, sustentada apenas por um fio da crina de um cavalo. Imediatamente perdeu todo o interesse naquele lugar de honra. Devolveu o trono ao seu legítimo dono e nunca mais invejou sua posição.
O mito da espada de Dâmocles é geralmente usado para demonstrar a condição vulnerável dos que ocupam o poder. Mas pode também ser usado para demonstrar a morte que a todos espreita. Fala da efemeridade da condição humana. A espada de Dâmocles representa a insegurança e a vulnerabilidade, e aponta para a angústia que carregamos no peito em virtude da consciência de finitude.
A miserabilidade do ser humano está no fato de que não somente é finito, como todas as demais criaturas, mas também, e principalmente, consciente da inexorabilidade de seu fim. Paradoxalmente, entretanto, essa angústia diante da morte é também a salvação do humano. Tire a imortalidade do homem e ele cai de quatro, dizia Nelson Rodrigues.
A consciência da finitude nos angustia justamente porque somos habitados por um senso de eternidade. Esse paradoxo é descrito de maneira magnífica por Álvaro de Campos, pseudônimo de Fernando Pessoa, em seu poema Tabacaria: “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
A palavra “espiritualidade” expressa esse encontro entre o finito e o infinito nas profundezas do ser humano. A espiritualidade é a experiência da busca e/ou encontro do sentido último da existência e, de certa maneira, o encontro com a realidade sagrada ou divina. A espiritualidade implica o anseio de transcendência. O teólogo existencialista Paul Tillich sustenta que “Deus é a resposta à pergunta implícita na finitude do homem”. Confrontado com a sua limitação, a inevitabilidade seu fim, a marcha lenta em direção à morte, o ser humano começa a se perguntar pela eternidade, pelo sagrado, pelo transcendente, pelo que está além das contingências da vida e das circunstâncias que causam dor e sofrimento. Debilitado pela fraqueza do corpo, assolado pelo sofrimento e pela dor, ameaçado pelas tragédias e catástrofes, esmagado sob o peso da sombra da morte, o ser humano começa a buscar a Deus. Nessa busca motivada pela angústia o ser humano se descobre e se percebe um ser espiritual.
A angústia da morte é o casulo que o ser humano rompe para desabrochar para a vida. Ao tomar consciência de sua limitação, finitude e morte, o ser humano se abre para Deus, e no encontro com Deus está a vida. A morte é certa. E a vida é questão de fé.
Pobres ateus! por Ariovaldo Ramos Fiquei a pensar... Quem quer o mundo oco e solitário dos ateus? Não eu! Eu quero o mundo povoado dos cristãos, dos judeus, dos muçulmanos, dos animistas... Quero um mundo onde a gente não esteja só. Um mundo com anjos de pé e caídos. De entidades, de elfos, de mística, de mágica, de mistérios... Quero o mundo onde os tambores invoquem. Onde a multidão de línguas estranhas dos pentecostais façam os seres da escuridão retroceder. Quero o mundo que produziu Beethoven que, surdo, dizia ouvir a música que Deus queria escutar, a quem aplaudiu na nona. Que produziu Shakespeare, que disse que havia mais entre o céu e a terra, do que supõe a nossa vã filosofia, e que valia morrer por amor. Que desafiou Mozart a zombar de Deus enquanto, qual o profeta Balaão, só conseguia emitir os sons que boca de Deus entoa! Quero o encanto catártico de Haendell gritando ALELUIA! de forma arrebatadora! A beleza de Bach nos fazendo ver a paz da Família Eterna. Quero mundo das lindas e majestosas catedrais e dos pregadores das praças, das esquinas, dos caminhos... Da riqueza sonora profunda dos cantos gregorianos e dos vociferantes pregadores: convocando os homens a mudar e o Espírito Santo a se levantar contra o mal. Quero o mundo que faça um ser humano, diante a pior das borrascas, ver o seu salvador andando sobre o mar, anunciando a possibilidade. Aquele em que o guerreiro, diante da incerteza, se ajoelha perante o Eterno e se levanta com um brilho nos olhos, certo de que tem uma missão, um motivo para brandir a espada, porque se há de correr o sangue humano, tem de haver uma razão, que dando significado a vida o faça não temer a morte. Um mundo de poetas e romancistas, que fazem a morte gerar vida, que contam histórias porque, em meio ao mais insano, há algo para contar, e se há o que contar, então significa; e se há como contar, então há um significante anterior, de modo que, por mais que cada leitor possa, de alguma maneira, reinventar, ninguém consegue negar que leu e, se leu, podia ser lido. Quero a fé que faz uma menina entrar numa das melhores faculdades do pais, sonhando que, um dia, tudo o que sabe ajudará um ser desprovido de tudo, num dos miseráveis cantões do planeta, a sorrir com esperança! Quero a loucura dos missionários que abandonam tudo no presente, certos de que levarão milhares a viver o futuro. Quem quer o socialismo frio do ateus? Eu quero o socialismo dos crentes que, em meio à marcha dos trabalhadores e, diante do impasse do confronto com as forças do estabelecido, grita ao megafone: companheiros, avancemos! Deus está do nosso lado! Da ciência não quero as equações, quero o grito de "Eureka!", onde o cálculo se mistura com a revelação. Da matemática quero a música, a certeza de que há sons no universo, que não só os podemos cantar, mas que há quem nos ouve. Que ouviremos a grande e última trombeta, que reunirá toda a criação para o canto da redenção. Eu não quero capitalismo nenhum, mas prefiro o dos seres humanos que acreditavam que o trabalho é um culto ao Criador e que o seu produto tinha de gerar um mercado a serviço do bem. Quem quer o capitalismo consumista dos ateus, que reduz a vida ao aqui e agora, e transforma todos em desesperados que, pensando que não sobrará para eles, correm para acumular para o nada? Os ateus dizem que evoluímos, mas que não vamos para lugar nenhum; que a ciência pode tudo; que verdade é a palavra dos vencedores; que os mais fortes sobreviverão, e que é o direito natural deles. Não! Mil vezes não! Quero o mundo onde os fracos tenham direito ao Reino; onde os mansos herdarão a terra; onde os que choram serão consolados; onde os que têm fome e sede de justiça serão fartos; onde os que crêem na justiça estejam prontos a morrer por ela; onde os mortos ressuscitarão. Quem quer um mundo explicado, onde tudo é virtude ou falha de um neuro-transmissor qualquer? Quero um mundo onde a fé , o amor e a paixão curem, mudem histórias e construam caminhos! Onde os artistas tenham o que registrar! Um mundo onde o sol nasça e se ponha, onde as estrelas, polvilhando o infinito, apontem um caminho, falem da esperança de uma grande e decisiva família, e que qualquer ser humano ao ver isso, não se envergonhe de falar: maravilha! Um Deus fez isto! Mas não quero a teologia técnica... Quero o Deus apaixonado dos cristãos, que abandona sua Glória e se faz gente, trazendo a divindade para a humanidade e, ressuscitado, ao voltar, leva a humanidade para a divindade! Quero o Deus inquieto de Israel, o pai dos judeus, com quem é possível lutar. Quero do Deus que se permite ser detido por um Jacó. Quero o Deus chorão de Jesus de Nazaré, que mesmo a gente tendo brigado com Ele, nunca conseguiu brigar conosco. O Deus Pai, Mãe e Filho que repartiu conosco o privilégio de ser! Quero o mundo do medo do desconhecido, e do maravilhar-se com o desconhecido: o mundo do encanto. Como disse o pai da filosofia moderna, o que se descobre ser ao pensar, precisa de um mundo para aterrissar, precisa que haja alguém que faça pensar valer a pena, alguém que, ao fim, é da onde se pensa, e se ele não existe, então nada existe, porque o que pensa não tem como pensar a partir de si. Quero o mundo que ri da finitude; que desdenha das limitações; que resiste ao sofrimento; que olha para o infinito sabendo que nossa existência não é determinada pela morte ou por nossas impossibilidades; que não somos frutos de um acidente. Quero mundo que se sustenta na fé de que ressuscitaremos, de que brilharemos como o sol ao meio dia; de que vale a pena lutar pelo bem; de que vale a pena existir! |
O amor é paciente
“O amor é paciente” (1 Coríntios 13:4)
A paciência é o tapete vermelho através do qual a graça de Deus se aproxima de nós.
A palavra grega usada aqui para paciente é descritiva. Ela figurativamente significa “levando um longo tempo para ferver”. Imagine uma panela de água fervente. Quais são os fatores que determinam a velocidade na qual ela ferve? O tamanho do fogão? Não. A panela? O utensílio pode ter influência, mas o fator principal é a intensidade da chama. A água ferve rapidamente quando a chama está alta. Ela ferve lentamente quando a chama está baixa. A paciência “mantém o bico de gás baixo”.
Esclarecimento útil, você não acha? A paciência não é ingênua. Ela não ignora o mau comportamento. Ela somente mantém a chama baixa. Ela espera. Ela escuta. Ela demora para ferver. É assim que Deus nos trata. E, de acordo com Jesus, é assim que devemos tratar os outros.
Certa vez ele contou uma parábola sobre um rei que decide acertar suas contas com seus devedores. Seu contador traz à tona um rapaz que não deve milhares ou centenas de milhares, mas milhões de dólares. O rei sumariamente declara que o homem, sua esposa e seus filhos sejam vendidos para pagar a dívida. Devido à sua impossibilidade de pagar, o homem está a ponto de perder tudo e todos estimados por ele. Não é de se admirar que “o servo prostrou-se diante dele e lhe implorou: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’” (Mateus 18:26-27).
A palavra paciência aparece de forma surpreendente aqui. O devedor não implora por misericórdia ou por perdão; ele implora por paciência. Igualmente curioso é este aparecimento singular da palavra. Jesus a usa duas vezes nesta história e nunca mais. Jesus reserva a palavra para uma ocasião com um objetivo. A paciência é mais do que uma virtude para filas longas e garçons lentos. A paciência é o tapete vermeho através do qual a graça de Deus se aproxima de nós.
Se não houvesse paciência, não haveria misericórdia. Mas o rei foi paciente, e o homem com a dívida de milhões de dólares foi perdoado. Mas então a história dá uma guinada à esquerda. O rapaz recém perdoado vai direto do tribunal para o subúrbio. Lá ele procura por um sujeito que deve algum dinheiro a ele.
“Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague-me o que me deve!’ Então o seu conservo caiu de joelhos e implorou-lhe: ‘Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei’. Mas ele não quis. Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse a dívida (versículos 28-30).
O rei fica atordoado. Como o homem pôde ser tão impaciente? Como ele ousou ser tão impaciente! A tinta do carimbo CANCELADO ainda está úmida nas contas do homem. Você não esperaria um pouco de Madre Teresa dele? Você acharia que uma pessoa que foi perdoada muito amaria muito. Mas ele não amou. E sua falta de amor levou a um erro caro. O servo rancoroso é chamado de volta ao castelo. “Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia” (Mateus 18:34).
Ufa! Nós suspiramos. Que bom que a história é uma parábola. É uma coisa boa Deus não aprisionar o impaciente na vida real. Não tenha tanta certeza de que ele não aprisiona. Egocentrismo e ingratidão criam paredes grossas e prisões solitárias.
A impaciência ainda aprisiona a alma. Por essa razão, o nosso Deus é rápido em ajudar-nos a evitá-la. Ele faz mais do que exigir paciência de nós; ele a oferece a nós. A paciência é um fruto do seu Espírito. Ela está pendurada na árvore de Gálatas 5:22: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência”. Você pediu a Deus para ele lhe dar algum fruto? Bem, eu pedi uma vez, mas... Mas o quê? Você, hum, ficou impaciente? Peça a ele de novo e de novo. Ele não ficará impaciente com sua súplica, e você receberá paciência em sua oração.
E enquanto você estiver orando, peça entendimento. “O homem paciente dá prova de grande entendimento” (Provérbios 14:29). Por quê? Porque a paciência sempre pega carona com o entendimento. O sábio diz, “O que tem entendimento refreia a língua” (Provérbios 11:12). Ele também diz “Quem tem entendimento é de espírito sereno” (Provérbios 17:27). Não perca a conexão entre entendimento e paciência. Antes de você explodir, escute. Antes de atacar, sintonize.
“O Senhor é paciente com vocês” (2 Pedro 3:9). E se Deus é paciente com você, você não pode transmitir um pouco de paciência aos outros?
Jesus, o Senhor
“Quando o fizeram, pegaram tal quantidade de peixes que as redes começaram a rasgar-se”. Lucas 5:6
O braço de Pedro está enfiado na água. Isso é tudo o que ele pode fazer para aguentar até que os outros rapazes consigam ajudar. Em instantes, os quatro pescadores e o carpinteiro estão com peixes até a altura dos joelhos.
Pedro tira seus olhos da pescaria e olha para o rosto de Cristo. Naquele momento, pela primeira vez, ele vê Jesus. Não Jesus, o Descobridor de Peixes... Não Jesus, o Rabi. Pedro vê Jesus, o Senhor.
Não devemos nos preocupar com os
irônicos que tentam ridicularizar a esperança cristã do “Paraíso” dizendo que “não querem passar a eternidade tocando harpa”. A resposta que devemos dar a essas pessoas é que, se elas não entendem os livros que são escritos para adultos, não devem palpitar sobre eles. Todas as imagens das Escrituras (as harpas, as coroas, o ouro, etc.), são, obviamente, uma tentativa simbólica de expressar o inexprimível. Os instrumentos musicais são mencionados porque, para muita gente (não todos), a música é o objeto conhecido nesta vida que mais fortemente sugere o êxtase e a infinitude. A coroa é mencionada para nos dar a entender que todo aquele que estiver reunido com Deus na eternidade tem parte no seu esplendor, no seu poder e na sua alegria. O ouro é citado para nos dar a ideia da eternidade do Paraíso (o ouro não enferruja) e também da sua preciosidade. As pessoas que entendem esses símbolos literalmente poderiam também pensar que, quando Cristo nos exortou a ser como pombas, quis dizer que deveríamos botar ovos.
C. S. Lewis
irônicos que tentam ridicularizar a esperança cristã do “Paraíso” dizendo que “não querem passar a eternidade tocando harpa”. A resposta que devemos dar a essas pessoas é que, se elas não entendem os livros que são escritos para adultos, não devem palpitar sobre eles. Todas as imagens das Escrituras (as harpas, as coroas, o ouro, etc.), são, obviamente, uma tentativa simbólica de expressar o inexprimível. Os instrumentos musicais são mencionados porque, para muita gente (não todos), a música é o objeto conhecido nesta vida que mais fortemente sugere o êxtase e a infinitude. A coroa é mencionada para nos dar a entender que todo aquele que estiver reunido com Deus na eternidade tem parte no seu esplendor, no seu poder e na sua alegria. O ouro é citado para nos dar a ideia da eternidade do Paraíso (o ouro não enferruja) e também da sua preciosidade. As pessoas que entendem esses símbolos literalmente poderiam também pensar que, quando Cristo nos exortou a ser como pombas, quis dizer que deveríamos botar ovos.
C. S. Lewis
A esperança pertence às virtudes teológicas. Isso significa que olhar constantemente para frente, rumo ao mundo eterno, não é nenhuma forma de escapismo (como pensam alguns modernos) ou de pensamento positivo, e sim algo que se espera que um cristão faça. Isso não significa que devamos deixar o mundo presente do jeito que está. Se você observar a história, descobrirá que os cristãos que mais fizeram pelo mundo presente foram exatamente aqueles que mais pensavam no que há por vir. Os próprios apóstolos, que deram o pontapé inicial para a conversão do Império Romano, os grandes homens que fortaleceram a Idade Média, os evangélicos ingleses que lutaram pela abolição da escravatura, todos eles deixaram as suas marcas na terra exatamente porque as suas mentes estavam ocupadas com o céu. Foi exatamente quando os cristãos pararam de pensar no outro mundo que eles se tornaram pouco efetivos neste. Mire o céu e terá a terra por “acréscimo”; mire a terra e não terá nenhuma das coisas. Parece-me uma regra estranha, mas algo parecido acontece em outros assuntos. A saúde é uma grande benção, mas no momento em que você a transforma em um dos seus principais objetivos, começará a se sentir um excêntrico, imaginando que há algo errado com você. Você só terá saúde se também desejar outras coisas – comida, jogos, trabalho, diversão, ar puro. Da mesma forma, nunca teremos chance de salvar a civilização enquanto ela for o nosso principal objetivo. Temos de aprender a desejar algo mais.
– C.S. Lewis, de Cristianismo Puro e Simples. .
*Dwight L. Moody / Biografia & Mensagens
Dwight L. Moody (1837-1899)
Um célebre ganhador de almas, para o reino de nosso Senhor Jesus Cristo.
Tudo aconteceu durante uma das famosas campanhas de Moody e Sankey para salvar almas. A noite de uma segunda-feira tinha sido reservada para um discurso dirigido aos materialistas. Carlos Bradlaugh, campeão do ceticismo, então no zênite da fama, ordenou que todos os membros dos clubes que fundara assistissem à reunião. Assim, cerca de 5.000 homens, resolvidos a dominar o culto, entraram e ocuparam todos os bancos.
Moody pregou sobre o texto: “A rocha deles não é como a nossa Rocha, sendo os nossos próprios inimigos os juízes” (Deuteronômio 32: 31).
“Com uma rajada de incidentes pertinentes e comoventes das suas experiências com pessoas presas ao leito de morte, Moody deixou que os homens julgassem por si mesmo quem tinha melhor alicerce sobre o qual deviam basear sua fé e esperança. Sem querer, muitos dos assistentes tinham lágrimas nos olhos. A grande massa de homens demonstrando o mais negro e determinado desafio a Deus estampado nos seus rostos, encarou o contínuo ataque de Moody aos pontos mais vulneráveis, isto é, o coração e o lar.
“Ao findar, Moody disse: ‘Levantemo-nos para cantar: Oh! vinde vós aflitos! e, enquanto o fazemos, os porteiros abram todas as portas para que possam sair todos os que quiserem. Depois faremos o culto, como de costume, para aqueles que desejam aceitar o Salvador ‘. Uma das pessoas que assistiu a esse culto, disse: ‘ Eu esperava que todos saíssem imediatamente, deixando o prédio vazio. Mas a grande massa de cinco mil homens se levantou, cantou e assentou-se de novo; nenhum deles deixou seu assento!”
"Moody, então disse: ‘ Quero explicar quatro palavras: Recebei, crede, confiai, aceitai ‘. Um grande sorriso passou de um a outro em todo aquele mar de rostos. Depois de falar um pouco sobre a palavra recebei, fez um apelo: ‘ Quem quer recebê-lo ? É somente dizer: ‘ Quero ‘. Cerca de cinqüenta dos que estavam em pé e encostado às paredes, responderam: ‘ Quero ‘, mas nenhum dos que estavam sentados. Um homem exclamou: ‘ Não posso ‘. Moody então replicou: ‘ Falou bem e com razão, amigo; foi bom ter falado. Escute e depois poderá dizer: ‘ Eu posso ‘. Moody então explicou o sentido da palavra crer e fez o segundo apelo: ‘ Quem dirá: Quero crer nele ? ‘ De novo alguns dos homens que estavam em pé responderam, aceitando, mas um dos chefes dirigente dum clube, bradou: ‘ Eu não quero ! ‘ Moody, vencido pela ternura e compaixão, respondeu com voz quebrantada: ‘ Todos os homens que estão aqui esta noite têm de dizer: Eu quero ou Eu não quero ‘ “.
” Então, levou todos a considerarem a história do Filho Pródigo, dizendo: ‘ A batalha é sobre o querer – só sobre o querer. Quando o Filho Pródigo disse: Levantar-me-ei a luta foi ganha, porque alcançara o domínio sobre a sua própria vontade. É com referência a este ponto que depende de tudo hoje. Senhores, tendes aí em vosso meio o vosso campeão, o amigo que disse: Eu não quero. Desejo que todos aqui, que acreditam que esse campeão tem razão, levantem-se e sigam o seu exemplo, dizendo: Eu não quero ‘. Todos ficaram quietos e houve silêncio até que, por fim, Moody interrompeu, dizendo: ‘ Graças a Deus ! Ninguém disse: Eu não quero. Agora quem dirá: Eu quero ? Instantaneamente parece que o Espírito Santo tomou conta do grande auditório de inimigos de Jesus Cristo, e cerca de quinhentos homens puseram-se de pé, as lágrimas rolando pelas faces e gritando: ‘ Eu quero ! Eu quero ! ‘ Clamando até que todo o ambiente se transformou. A batalha foi ganha ” .
” O culto terminou sem demora, para que se começasse a obra entre aqueles que estavam desejosos de salvação. Em oito dias, cerca de dois mil foram transferidos das fileiras do inimigo para o exército do Senhor, pela rendição da vontade. Os anos que se seguiram provaram a firmeza da obra, pois os clubes nunca mais se ergueram. Deus, na sua misericórdia e poder, os aniquilou por seu Evangelho ” .
Um total de quinhentas mil preciosas almas ganhas para Cristo, é o cálculo da colheita que Deus fez por intermédio de seu humilde servo, Dwight Lyman Moody . R. A. Torrey, que o conheceu intimamente, considerava-o, com razão, o maior homem do século XIX, isto é, o homem mais usado por Deus para ganhar almas.
Que ninguém julgue, contudo, que D. L. Moody era grande em si mesmo ou que tinha oportunidades que os demais não têm. Seus antepassados eram apenas lavradores que viveram por sete gerações, ou duzentos anos, no vale do Connecticut, nos Estados Unidos. Dwight nasceu a 5 de fevereiro de 1837, de pais pobres, o sexto entre nove filhos. Quando era ainda pequeno, seu pai faleceu e os credores tomaram conta do que ficou, deixando a família destituída de tudo, até da lenha para aquecer a casa em tempo de intenso frio.
Não há história que comova e inspire tanto quanto a daqueles anos de luta da viúva, mãe - ” Pode-se esperar outra coisa a não ser que os filhos ficassem ligados à mãe e que crescessem para se tornarem homens e mulheres que conhecessem o mesmo Deus que ela conhecia ? ” – Assim se expressou Dwight, ao lado do ataúde quando ela faleceu com a idade de noventa anos: – ” Se posso conter-me, quero dizer algumas palavras. É grande honra ser filho de uma mãe como ela. Já viajei muito, mas nunca encontrei alguém como ela. Ligava a si seus filhos de tal maneira que representava um grande sacrifício para qualquer deles afastar-se do lar. Durante o primeiro ano depois que o meu pai faleceu, ela adormecia todas as noites chorando. Contudo, estava sempre alegre e animada na presença dos filhos.
As saudades serviam para chegá-la mais perto de Deus. Muitas vezes eu me acordava e ela estava orando, às vezes, chorando. Não posso expressar a metade do que desejo dizer. Aquele rosto, como é querido! Durante cinqüenta anos não senti gozo maior do que o gozo de voltar a casa. Quando estava ainda a setenta e cinco quilômetros de distância, já me sentia tão inquieto e desejoso de chegar que me levantava do assento para passear pelo carro até o trem chegar à estação….Se chegava depois de anoitecer, sempre olhava para ver a luz na janela da minha mãe. Senti-me tão feliz esta vez por chegar a tempo de ela ainda me reconhecer ! Perguntei-lhe: – ‘ Mãe, me reconhece ? Ela respondeu: – ‘ Ora, se eu te reconheço ! ‘ Aqui está a sua Bíblia, assim gasta, porque é a Bíblia do lar; tudo que ela tinha de bom veio deste Livro e foi dele que nos ensinou.
Se minha mãe foi uma bênção para o mundo é porque bebia desta fonte. A luz da viúva brilhou do outeiro durante cinqüenta anos. Que Deus a abençoe, mãe; ainda a amamos ! Adeus, por um pouco, mãe ! ”
Todos os filhos da viúva Moody assistiam aos cultos nos domingos; levavam merenda para passar o dia inteiro na igreja. Tinham de ouvir dois prolongados sermões e, no intervalo, assistir à Escola Dominical. Dwight, depois de trabalhar a semana inteira, achava que sua mãe exigia demais obrigando-o a assistir aos sermões, os quais não compreendia. Mas, por fim, chegou a ser agradecido a essa boa mãe pela dedicação nesse sentido.
Com a idade de dezessete anos, Moody saiu de casa para trabalhar na cidade de Boston, onde achou emprego na sapataria de um tio seu. Continuou a assistir aos cultos, mas ainda não era salvo.
Notai bem, os que vos dedicais à obra de ganhar almas: não foi num culto que Dwight Moody foi levado ao Salvador. Seu professor da Escola Dominical, Eduardo Kimball, conta:
” Resolvi falar-lhe acerca de Cristo e de sua alma. Vacilei um pouco em entrar na sapataria, não queria embaraçar o moço durante as horas de serviço. Por fim, entrei, resolvido a falar sem mais demora. Achei Moody nos fundos da loja, embrulhando calçados. Aproximei-me logo dele e, colocando a mão sobre seu ombro, fiz o que depois parecia ser um apelo fraco, um convite para aceitar a Cristo. Não me lembro do que eu disse, nem mesmo Moody podia lembrar-se alguns anos depois. Simplesmente falei do amor de Cristo para com ele, e o amor que Cristo esperava dele, de volta. Parecia-me que o moço estava pronto para receber a luz que o iluminou naquele momento e, lá nos fundos da sapataria, entregou-se a Cristo “.
Era costume das igrejas daquela época, alugarem os assentos.
Moody, logo depois da sua conversão, transbordando de amor para com o seu Salvador, pagou aluguel de um banco, percorrendo as ruas, hotéis e casas de pensão solicitando homens e meninos para enchê-lo em todos os cultos. Depois alugou mais um, depois outro, até conseguir encher quatro bancos, todos os domingos. Mas isso não era suficiente para satisfazer o amor que sentia para com os perdidos.
Certo domingo visitou uma Escola Dominical em outra rua. Pediu permissão para ensinar também uma classe. O dirigente respondeu: ” Há doze professores e dezesseis alunos, porém o senhor pode ensinar todos os alunos que conseguir trazer à escola ” . Foi grande a surpresa de todos quando Moody, no domingo seguinte, entrou com dezoito meninos da rua, sem chapéu, descalços e de roupa suja e esfarrapada, mas, como ele disse: ” Todos com uma alma para ser salva “. Continuou a levar cada vez mais alunos à Escola até que, alguns domingos depois, no prédio não cabiam mais; então resolveu abrir outra escola em outra parte da cidade.
Moody não ensinava, mas arranjava professores, providenciava o pagamento do aluguel e de outras despesas. Em poucos meses essa escola veio a ser a maior da cidade de Chicago. Não julgando conveniente pagar outros para trabalhar no domingo, Moody, cedo, pela manhã, tirava as pipas de cerveja ( outros ocupavam o prédio durante a semana ) , varria e preparava tudo para o funcionamento da escola. Depois, então, saía par convidar alunos. Às duas horas, quando voltava de fazer os convites, achava o prédio repleto de alunos.
Depois de findar a escola, ele visitava os ausentes e convidava todos para estarem a pregação, à noite. No apelo, após o sermão, todos os interessados era convidados a ficar para um culto especial, no qual tratavam individualmente com todos. Moody também participava nessa colheita de almas.
Antes de findar o ano, 600 alunos, em média, assistiam à Escola Dominical, divididos em 80 classes. A seguir a assistência subia a 1.000 e, as às vezes, a 1.500.
Ao mesmo tempo que Moody se aplicava à Escola Dominical com tais resultados, esforçava-se, também, no comércio todos os dias. O grande alvo da sua vida era vir a ser um dos principais comerciantes do mundo, um multimilionário. Não tinha mais de 23 anos é já tinha ajuntado 7.000 dólares ! Mas seu Salvador tinha um plano ainda mais nobre para seu servo.
Certo dia, um dos professores da Escola Dominical entrou na sapataria onde Moody negociava. Informou-o de que estava tuberculoso e que, desenganado pelos médicos, resolvera voltar para Nova Iorque e aguardar a morte. Confessou-se muito perturbado, não porque tinha de morrer, mas porque até então não conseguira levar ao Salvador nenhuma das moças da sua classe da Escola Dominical.
Moody, profundamente comovido, sugeriu que visitassem juntos as moças em suas casas, uma por uma. Visitaram uma, o professor falou-lhe seriamente acerca da salvação da sua alma. A moça deixou seu espírito leviano e começou a chorar, entregando-se ao seu Salvador. Todas as outras moças que foram visitadas naquele dia fizeram o mesmo.
Passados dez dias, o professor foi novamente à sapataria. Com grande gozo informou a Moody que todas as moças se havia entregado a Cristo. Resolveram então convidar todas para um culto de oração e despedida na véspera da partida do professor para Nova Iorque. Todos se ajoelharam e Moody, depois de fazer uma oração, estava para se levantar quando uma das moças começou, também, a orar. Todos oraram suplicando a Deus em favor do professor. Ao sair Moody suplicou: ” Ó Deus, permite-me morrer antes de perder a bênção que recebi hoje aqui ! ”
Moody, mais tarde, confessou: ” Eu não sabia o preço que tinha de pagar, como resultado de haver participado na evangelização individual das moças. Perdi todo o jeito de negociar; não tinha mais interesse no comércio. Experimentara um outro mundo e não mais queria ganhar dinheiro…Oh ! delícia, a de levar uma alma das trevas desde mundo à gloriosa luz e liberdade do Evangelho ! ”
Então, não muito depois de casar-se, com a idade de vinte e quatro anos, Moody deixou um bom emprego com salário de cinco mil dólares por ano, um salário fabuloso naquele tempo, para trabalhar todos os dias no serviço de Cristo, sem ter promessa de receber um único cêntimo. Depois de tomar essa resolução, apressou-se em ir à firma B. F. Jacobs & Cia. , onde, muito comovido, anunciou: – ” Já resolvi empregar todo o meu tempo no serviço de Deus ! ” – ” Como vai manter-se ? ” – ” Ora, Deus me suprirá de tudo se Ele quiser que eu continue; e continuarei até ser obrigado a desistir “.
A parte da biografia de D. L. Moody que trata dos primeiros anos do seu ministério está repleta de proezas feitas na carne. Mencionamos aqui apenas uma, isto é, o fato de Moody fazer 200 visitas em um só dia. Ele mesmo mais tarde se referia àqueles anos como uma manifestação do ” zelo de Deus, mas sem entendimento “, acrescentando: ” Há, contudo muito mais esperança para o homem com zelo e sem entendimento do que para o homem de entendimento sem zelo ” .
Rompeu a tremenda Guerra Civil e Moody chegou com os primeiros soldados ao acampamento militar onde armou uma grande tenda para os cultos. Depois ajuntou dinheiro e levantou um templo onde dirigiu 1.500 cultos durante a guerra. Uma pessoa que o conhecia assim comentou sua ação: ” Moody precisava estar constantemente em todos os lugares, dia e noite, nos domingos e todos os dias da semana; orando, exortando, tratando com os soldados acerca das suas almas, regozijando-se nas oportunidades abundantes de trabalhar no grande fruto ao seu alcance por causa da guerra “.
Depois de findar a guerra, dirigiu uma campanha para levantar em Chicago um prédio para os cultos, com capacidade para três mil pessoas. Quando, mais tarde esse edifício foi destruído por um incêndio, ele e dois outros iniciaram outra campanha, antes de os escombros haverem esfriados, para levantar novo edifício. Trata-se do Farwell Hall II, que se tornou um grande centro religioso em Chicago. O segredo desse êxito foram os cultos de oração que se realizavam diariamente, ao meio-dia, precedidos por uma hora de oração de Moody, escondido no vão debaixo da escada .
No meio desses grandes esforços, Moody resolveu, inesperadamente, fazer uma visita à Inglaterra.
Em Londres, antes de tudo, foi ouvir Spurgeon pregar no Metropolitan Tabernacle. Já tinha lido muito do que ” o príncipe dos pregadores “escrevera, mas ali pôde verificar que a grande obra não era de Spurgeon, mas de Deus, e saiu de lá com uma outra visão.
Visitou Jorge Müller e o orfanato em Bristol. Desde aquele tempo a Autobiografia de Müller exerceu tanta influência sobre ele como já o tinha feito ” O Peregrino “, de Bunyan.
Entretanto, nessa viagem, o que levou Moody a buscar definitivamente uma experiência mais profunda com Cristo, foram estas palavras proferidas por um grande ganhador de almas de Dubim, Henrique Varley: ”
O mundo ainda não viu o que Deus fará com, para, e pelo homem inteiramente a Ele entregue “. Moody disse consigo mesmo: ” Ele não disse por um grande homem, nem por um sábio, nem por um rico, nem por um eloquente, nem por um inteligente, mas simplesmente por um homem. Eu sou um homem, e cabe ao homem mesmo resolver se deseja ou não consagrar-se assim. Estou resolvido a fazer todo o possível para ser esse homem ” . Apesar de tudo isso, Moody, depois de voltar à América, continuava a se esforçar e a empregar métodos naturais. Foi nessa época que a cidade de Chicago foi reduzida a cinzas no pavoroso incêndio de 1871.
Na noite do início do pavoroso incêndio, Moody pregou sobre este tema: – ” Que farei, então de Jesus, chamado Cristo ? Ao concluir ser sermão, ele disse ao auditório, o maior a que pregara em Chicago: ” Quero que leveis esse texto para casa e nele meditais bem durante a semana e no domingo vindouro iremos ao Calvário e à cruz e resolveremos o que faremos de Jesus de Nazaré".
- ” Como errei ! ” Disse Moody, depois. – ” Não me atrevo mais a conceder uma semana de prazo ao perdido para decidir sobre a salvação. Se se perderem serão capazes de se levantar contra mim no juízo. Lembro-me bem de como Sankey cantou e como sua voz soou quando chegou a estrofe de apelo: ” O Salvador chama para o refúgio. Rompe a tempestade e breve vem a morte".
” Nunca mais vi aquele auditório. Ainda hoje desejo chorar…Prefiro ter a mão direita decepada, a conceder ao auditório uma semana para decidir o que fará de Jesus. Muitos me censuram dizendo: – ” Moody, o senhor quer que o povo se decida imediatamente. Por que não lhe dá tempo para consultar ? ”
” Tenho pedido a Deus muitas vezes que me perdoe por ter dito naquela noite que podiam passar oito dias para considerar, e se Ele poupar minha vida não farei de novo “.
O grande incêndio rugiu e ameaçou durante quatro dias; consumindo Farwell Hall, o templo de Moody e a sua própria residência. Os membros da igreja foram todos dispersos. Moody reconheceu que a mão de Deus o castigara para o ensinar, e isso tornou-se para ele motivo de grande regozijo.
Foi a Nova Iorque, a fim de granjear dinheiro para os flagelados do grande incêndio. Acerca do que se passou, ele mesmo escreveu: ” Não sentia o desejo no coração de solicitar dinheiro. Todo o tempo eu clamava a Deus pedindo que me enchesse do seu Espírito. Então, certo dia, na cidade de Nova Iorque – Ah ! que dia ! Não posso descrevê-lo, nem quero falar no assunto; é experiência quase sagrada demais para ser mencionada. O apóstolo Paulo teve uma experiência acerca da qual não falou por catorze anos. Posso apenas dizer que Deus se revelou a mim e tive uma experiência tão grande do seu amor que tive de rogar-lhe que retirasse de mim sua mão. Não quero voltar para viver de novo como vivi outrora nem que eu pudesse possuir o mundo inteiro".
Acerca dessa experiência, um de seus biógrafos acrescentou: ” O Moody que andava na rua parecia outro. Nunca jamais bebera mosto, mas então conhecia a diferença entre o júbilo que Deus dá e o falso júbilo de Satanás. Enquanto andava, parecia-lhe que um pé dizia a cada passo, ‘ Glória ! ‘ e o outro respondia, ‘Aleluia! O pregador rompeu em soluços, balbuciando: ‘ Ó Deus, constrange-nos andar perto de ti para todo o sempre".
O Senhor supriu dinheiro para Moody construir um edifício provisório para realizar os cultos em Chicago. Era de madeira rústica, forrada de papel grosso para evitar o frio; o teto era sustentado por fileiras de estacas colocadas no centro. Nessa templo provisório realizaram-se os cultos durante três anos, no meio dum deserto de cinzas. A maior parte do trabalho de construção fora feita pelos membros que moravam em ranchos ou mesmos em lugares escavados por debaixo das calçadas das ruas. Ao primeiro culto assistiram mais de mil crianças com seus respectivos pais!
Esse templo provisório serviu de morada para Moody e Sankey, seu evangelista-cantor; eram tão pobres como os outros em redor, mas tão cheios de esperança e gozo que conseguiram levar muitos a Cristo e se tornaram ricos, apesar de nada possuírem. Onda após onda de avivamento passou sobre o povo. Os cultos continuavam dia e noite, quase sem cessar, durante alguns meses. Multidões choravam seus pecados, às vezes dias inteiros e no dia seguinte, perdoados, clamavam e louvavam em gratidão a Deus. Homens e mulheres até então desanimados participavam do gozo transbordante de Moody, transformado pelo batismo com o Espírito Santo.
Não muito depois de haver construído o templo permanente ( com assentos para 2.000 pessoas – e sem endividar-se ), Moody fez a sua segunda viagem à Inglaterra. Nos seus primeiros cultos nesse país, encontrou igrejas frias, com pouca assistência e o povo sem interesse nas suas mensagens. Mas a unção do Espírito, que Moody recebera nas ruas de Nova Iorque, ainda permanecia na sua alma e Deus o usou como seu instrumento para um avivamento mundial.
Não desejava métodos sensacionais, mas usou os mesmos métodos humildes até o fim da vida: sermão dirigido direto aos ouvintes; aplicação prática da mensagem do Evangelho à necessidade individual; solos cantados sob a unção do Espírito; apelo para que o perdido se entregasse imediatamente; uma sala no lado aonde levava os que se achavam em ” dificuldades ” em aceitar a Cristo; a obra que depois os salvos faziam entre os ” interessados ” e recém-convertidos; diariamente uma hora de oração ao meio-dia, e cultos que duravam dias inteiros.
Na Inglaterra, as cidades de York, Senderland, Bishop, Auckland, Carlisle e Newcastle foram vivificadas como nos dias de Whitefield e Wesley. Na Escócia, em Edimburgh, os cultos se realizaram no maior edifício e ” a cidade inteira ficou comovida “. Em Glasgow, a obra começou com uma reunião de professores da Escola Dominical, a que assistiram mais de 3.000.
O culto de noite foi anunciado para às 6:30, mas muito antes da hora marcada, o grande edifício ficou repleto e a multidão que não pôde entrar foi levado para as quatro igrejas mais próximas. Essa série de cultos transformou radicalmente a vida diária do povo. Na última noite Sankey cantou para 7.000 pessoas que estavam dentro do edifício, e Moody, sem poder entrar no auditório, subiu numa carruagem e pregou a 20 mil pessoas que se achavam congregadas do lado de fora. O coral cantou os hinos de cima dum galpão. Em um só dia mais de 2.000 pessoas responderam ao apelo para se entregarem definitivamente a Cristo.
Na Irlanda, Moody pregou nos maiores centros com os mesmos resultados, como na Inglaterra e Escócia. Os cultos em Belfast continuaram durante quarenta dias. O último culto foi reservado para os recém-convertidos, que só podiam ter ingresso por meio de bilhetes, concedidos gratuitamente. Assistiram 2.300 pessoas. Belfast fora o centro de vários avivamentos, mas todos concordam em que nunca houvera um avivamento antes desse, de resultados tão permanentes.
Depois da campanha na Irlanda, Moody e Sankey voltaram à Inglaterra e dirigiram cultos inesquecíveis em Shefield, Manchester, Birgmingham e Liverpool. Durante muitos meses, os maiores edifícios dessas cidades ficaram superlotados de multidões desejosas de ouvirem a apresentação clara e ousada do Evangelho por um homem livre de todo o interesse e ostentação. O poder do Espírito se manifestou em todos os cultos produzindo resultados que permanecem até hoje.
O itinerário de Moody e Sankey na Europa, findou-se após quatro meses de cultos em Londres. Moody pregava alternadamente em quatro centros. Os seguintes algarismos nos servem para compreender algo da grandeza dessa obra durante os quatro meses: Realizaram-se 60 cultos em Agricultural Hall, aos quais um total de 720.000 pessoas assistiram; em Bow Road Hall, 60 cultos, aos quais 600.000 pessoas assistiram; em Camberwell Hall, 60 cultos, com assistência de 480.000; Haymarket Opera House, 60 cultos, 330.000; Vitória Hall, 45 cultos, 400.000 assistentes.
Quando Moody saiu dos Estados Unidos em 1873, era conhecido apenas em alguns Estados e tinha fama, apenas como obreiro da Escola Dominical e da Associação Cristã de Moços. Mas quando voltou da campanha na Inglaterra em 1875, era conhecido como o mais famoso pregador do mundo. Contudo continuou o mesmo humilde servo de Deus. Foi assim que uma pessoa que o conhecia intimamente descreveu sua personalidade: ” Creio que era a pessoa mais humilde que jamais conheci…Ele não fingia humildade. No íntimo do seu coração rebaixava-se a si mesmo e superestimava os outros. Ele engrandecia outros homens, e, sempre que possível arranjava para que eles pregassem. Fazia tudo para não aparecer “.
Ao chegar novamente aos Estados Unidos, Moody recebeu convites, para pregar, de todas as partes do País. Sua primeira campanha (em Brooklyn ) foi um modelo para todas as outras. As denominações cooperavam; alugaram um prédio que comportava 3.000 pessoas. O resultado foi uma grande e permanente obra.
Nas suas campanhas havia ocasiões que eram realmente dramáticas. Em Chicago, o Circo Forepaugh, com uma tenda de lona que tinha assentos para 10.000 pessoas e lugares para outras 10.000 em pé, anunciou representações para dois domingos. Moody alugou a tenda para os cultos de manhã, os donos resolveram não fazer sessão no segundo domingo. Entretanto, o culto realizou-se sob a lona no segundo domingo, o calor era tanto que dava a impressão de matar a todos, porém 18.000 pessoas ficaram em pé, banhados em suor e esquecidos do calor. No silêncio que reinava durante a pregação de Moody, o poder desceu e centenas foram salvos.
O doutor Dale disse: ” Acerca do poder de Moody, acho difícil falar. É tão real e ao mesmo tempo tão diferente do poder dos demais pregadores, que não sei descrevê-lo. Sua realidade é inegável. Um homem que pode cativar o interesse de um auditório de três a seis mil pessoas, por meia hora, de manhã, por quarenta minutos, de novo, ao meio-dia e de um terceiro auditório, de 13 a 15 mil, durante quarenta minutos, à noite, deve ter um poder extraordinário".
Acerca desse poder maravilhoso, Torrey testificou: ” Várias vezes tenho ouvido diversas pessoas dizerem que viajaram grandes distancias para ver e ouvir D.L. Moody, e que ele, de fato, é um maravilhoso pregador. Sim, ele era em verdade o mais maravilhoso que eu jamais ouvi; era grande o privilégio de ouvi-lo pregar, como só ele sabia pregar. Contudo, conhecendo-o intimamente, quero testificar que Moody era maior como intercessor do que como pregador. Enfrentando obstáculos aparentemente invencíveis, ele sabia vencer todas as dificuldades. Sabia, e cria no mais profundo de sua alma, que não havia nada demasiadamente difícil para Deus fazer, e que a oração podia conseguir tudo que Deus pudesse realizar “.
Apesar de Moody não ter instrução acadêmica, reconhecia o grande valor da educação e sempre aconselhava a mocidade a se preparar para manejar bem a Palavra de Deus.
Reconhecia a grande vantagem da instrução também para os que pregam no poder do Espírito Santo. Ainda existem três grandes monumentos às suas convicções nesse ponto – as três escolas que& ele fundou: O Instituto Bíblico em Chicago, com 38 prédios e 16.000 matriculados nas aulas diurnas, noturnas e Cursos por Correspondência; o Northfield Seminário, com 490 alunos, e a Escola do Monte Hermon, com 500 alunos.
Entretanto, ninguém se engane como alguns desses alunos e como diversos crentes entre nós, pensando que o grande poder de Moody era mais intelectual do que espiritual. Nesse ponto ele mesmo falava com ênfase: para maior clareza, citamos o seguinte de seus ” Short Talks ” : ” Não conheço coisa mais importante que a América precise do que de homens e mulheres inflamados como o fogo do Céu; nunca encontrei um homem ( ou mulher ) inflamado com o Espírito de Deus que fracassasse. Creio que isso seja impossível; tais pessoas nunca se sentem desanimadas. Avançam mais e mais e se animam mais e mais. Amados, se não tendes essa iluminação, resolvei adquiri-la, e orai: ‘ Ó Deus ilumina-me com o teu Espírito Santo ‘ ! ”
No que R. A. Torrey escreveu aparece o espírito dessas escolas que fundou:
” Moody costuma escrever-me antes de iniciar uma nova campanha, dizendo: ‘ Pretendo dar início ao trabalho no lugar tal e em tal dia; peço-lhe que convoque os estudantes para um dia de jejum e oração ‘. Eu lia essas cartas aos estudantes e lhes dizia: Moody deseja que tenhamos um dia de jejum e oração para pedir, primeiramente, as bênçãos divinas sobre nossas próprias almas e nosso trabalho ! Muitas vezes ficávamos ali na sala das aulas até alta noite – ou mesmo até a madrugada – clamando a Deus, porque Moody nos exortava a esperar até que recebêssemos a bênção “.
” Até o dia da minha morte não poderei esquecer-me de 8 de julho de 1894. Era o último dia da Assembléia dos Estudantes de Northfield…Ás 15 horas reunimo-nos em frente à casa da progenitora de Moody….Havia 456 pessoas em nossa companhia….Depois de andarmos alguns minutos, Moody achou que podíamos parar. Nós nos sentamos nos troncos de árvores caídas, em pedras, ou no chão. Moody então franqueou a palavra, dando licença para qualquer estudante expressar-se. Uns 75 deles, um após outro, levantaram-se, dizendo: ‘ Eu não pude esperar até às 15 horas, mas tenho estado sozinho com Deus desde o culto de manhã e creio que posso dizer que recebi o batismo com o Espírito Santo ‘. Ouvindo o testemunho desses jovens, Moody sugeriu o seguinte: ‘ Moços, por que não podemos ajoelhar-nos aqui, agora, e pedir que Deus manifeste em nós o poder do seu Espírito de um modo especial, como fez aos apóstolos no dia de Pentecostes ? ‘ E ali na montanha oramos “.
” Na subida, tínhamos notado como se iam acumulando nuvens pesadas; no momento em que começamos a orar, principiou a chuva a cair sobre os grandes pinheiros e sobre nós. Porém houve uma outra qualidade de nuvem que há dez dias estava se acumulando sobre a cidade de Northfield – uma nuvem cheia da misericórdia, da graça e do poder divino, de sorte que naquela hora parecia que nossas orações bombardeavam essas nuvens, fazendo descer sobre nós, em grande poder, a virtude do Espírito Santo “.
Que Moody mesmo era um estudante incansável, vê-se no seguinte:
” Todos os dias da sua vida, até o fim, segundo creio, ele se levantava muito cedo de manhã para meditar na Palavra de Deus. Costumava deixar sua cama às quatro horas da madrugada, mais ou menos, para estudar a Bíblia. Um dia ele me disse: ‘ Para estudar, preciso me levantar antes que as outras pessoas acordem ‘. Ele se fechava num quarto afastado do resto da família, sozinho com a sua Bíblia e com o seu Deus…”
” Pode-se falar em poder, porém, ai do homem que negligenciar o único Livro dado por Deus, que serve de instrumento, por meio do qual Ele dá e exercer seu poder. Um homem pode ler inúmeros livros e assistir a grandes convenções; pode promover reuniões de oração que durem noites inteiras, suplicando o poder do Espírito Santo, mas se tal homem não permanecer em contato íntimo e constante com o único Livro, a Bíblia, não lhe será concedido o poder. Se já tem alguma força não conseguirá mantê-la, senão pelo estudo diário, sério e intenso desse Livro “.
Tudo no mundo tem de findar; chegou o tempo também para D. L. Moody findar o seu ministério aqui na terra. Em 16 de novembro de 1899, no meio de sua campanha em Kansas City, com auditórios de 15.000 pessoas, pregou seu último sermão. É provável que soubesse que seria o último: certo é que seu apelo era ungido como poder vindo do Alto e centenas de almas foram ganhas para Cristo.
Para a nação, a sexta-feira, 22 de dezembro de 1899, foi o dia mais curto do ano, mas para D.L. Moody, foi o dia que clareou, foi o começo do dia que nunca findará. Ás seis horas da manhã dormiu um ligeiro sono. Então os seus queridos ouviram-no dizer em voz clara: ” Se isto é a morte, não há nenhum vale. Isto é glorioso. Entrei pelas portas e vi as crianças! ( Dois de seus netos que já tinham falecidos ). A terra recua; o céu se abre perante mim. Deus está me chamando ! ” Então virou-se para a sua esposa, a quem ele queria mais do que a todas as pessoas, a não ser Cristo, e disse: ” Tu tens sido para mim uma boa pessoa “.
No singelo culto fúnebre, Torrey, Scofield, Sankey e outros falaram à grande multidão comovida que assistiu. Depois o ataúde foi levado pelos alunos da Escola Bíblica de Monte Hermom a um lugar alto que ficava próximo, chamado ” Round Top “. Três anos depois, a fiel serva de Deus, Ema Moody, sua esposa, também dormiu em Cristo e foi enterrada ao lado do marido, no mesmo alto, onde permanecerão até o glorioso dia da ressurreição.
Contemplemos de novo, por um momento, a vida extraordinária desse grande ganhador de almas. Quando o jovem Moody chorava sob o poder do Alto na pregação do jovem Spurgeon, foi inspirado a exclamar: ” Se Deus pode usar Spurgeon, Ele me pode usar também “. A biografia de Moody é a história de como ele vivia completamente submisso a Deus, para esse fim . R.A. Torrey disse: ” O primeiro fator por cujo motivo Moody foi instrumento tão útil nas mãos de Deus é que ele era um homem inteiramente submisso à vontade divina. Cada grama daquele corpo de 127 quilos pertencia ao Senhor; tudo que ele era e tudo que tinha pertencia inteiramente a Deus…Se nós, tu e eu, leitor, queremos ser usados por Deus, temos de nos submeter a Ele absolutamente e sem reservas “.
Leitor, resolve agora, com a mesma determinação e pelo auxílio divino: “Se Deus podia usar Dhight Lyman Moody, Ele me pode usar também!”
Que assim seja! Amém! de Dwight. Poucos meses depois da morte de seu marido, nasceram-lhe gêmeos e o filho mais velho tinha apenas doze anos. O conselho de todos os parentes foi que ela entregasse os filhos para outros criarem. Mas com invencível coragem e santa dedicação a seus filhos, ela conseguiu criar todos os nove filhos no próprio lar. Guarda-se ainda, como tesouro precioso, sua Bíblia com as palavras de Jeremias 49: 11 sublinhadas: ” Deixa os teus órfãos, eu os conservarei em vida; e confiem em mim tuas viúvas".
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