Afif: “Steve Jobs não existiria no Brasil”
Presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos
critica, em entrevista, os "exterminadores do futuro", os burocratas e o
Fisco, “adversário do Simples”; segundo o ex-ministro, em oposição ao
grande desejo do brasileiro de ser dono do próprio negócio, o ambiente
para o empreendedor no País ainda é excessivamente hostil; “Na hora em
que você tenta facilitar alguma coisa, enfrenta uma reação forte, porque
a simplificação elimina a função de muita gente, que vive às custas da
burocracia”, diz; o clima para empreender é tão hostil que Bill Gates ou
Steve Jobs não poderiam existir aqui.
“A verdade é que nem o Steve Jobs, nem o Bill Gates, existiriam no Brasil. Os nossos ‘exterminadores do futuro’ estariam de prontidão para liquidá-los”, reflete. Segundo ele, para incentivar os jovens, é preciso tornar mais fácil a tarefa de tocar um negócio, com um sistema de burocracia amigável e leve. “Nunca antes no Brasil tivemos um momento tão promissor para o empreendedorismo. Há muitos profissionais brigando para poder abrir suas empresas, sem depender tanto de regras e regulações. Mas eles têm uma dificuldade enorme para evoluir. Daí a minha luta. Eu brigo mesmo, não contra pessoas, mas contra esse sistema hostil que impede o avanço da pequena empresa”, alega.
Afif diz ainda que para melhorar o cenário político e econômico atual faz-se necessário ter rapidez nas decisões. “Seja qual for a decisão, tem que ser rápido. Tem que ser agora. Há gente que criminosamente quer retardar esse processo, para que a situação piore e para que determinado grupo consiga um benefício político. Eles não estão olhando para o Brasil. Então, pensam que serão beneficiados, mas não serão. Todos serão demolidos com o recrudescimento da crise”, advoga.
Para Afif, a crise é política, com reflexos econômicos que vão trazer consequências sociais graves, como o aumento da taxa de desemprego. “Nós temos de evitar que chegue a esse ponto. Há urgência da decisão política para poder tomar medidas econômicas de correção e evitar o caos social.”
Para ele, o pequeno empreendedor resiste mais à crise porque, como tem poucos funcionários, o relacionamento não é impessoal. “Uma microempresa é como uma macrofamília. Essa relação faz com que ele segure muito o processo demissionário.”
Em relação ao crescimento de 4,6% no número de empresas abertas em 2015 em relação a 2015, Afif lembra que o sonho do brasileiro é trabalhar por conta própria. “É um sonho de liberdade. É por isso que, mesmo com a economia em baixa, muita gente continua criando empresas. E não estamos falando apenas de empreendedorismo por necessidade, de gente que decidiu empreender depois de perder o emprego. Quer dizer, abrir uma empresa já estava nos planos daquela pessoa. Ela só estava esperando sair da zona de conforto para se arriscar. Hoje, nós estamos vivendo a era do fim do emprego. Você quer ter um trabalho? Crie um. Essa é a nova ordem mundial.”
Fonte:
Brasil 247
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