segunda-feira, 18 de janeiro de 2016



 João Calvino

 

João Calvino é uma figura não só controversa, mas ainda muito desconhecida e mal compreendida por muitos.O calvinismo não foi um movimento teológico passageiro. 
É impossível fazer teologia de modo responsável sem interagir com o legado de Calvino. O calvinismo é um modo completo de ver, entender e existir; é um sistema que envolve todos os aspectos da vida humana.

Embora a concepção popular do pensamento teológico de Calvino seja a de um sistema rigorosamente lógico, centrado sobre a doutrina da predestinação, isto não é verdade. Falar de Calvino como um teólogo sistematizador implica em um grau de afinidade com o escolasticismo medieval que contradiz suas atitudes conhecidas. Também sugere um deslocamento significativo entre Calvino e sua cultura, que não percebeu que nenhuma razão particular para produzir obras de “teologia sistemática” – um gênero literário que, de qualquer modo, estava firmemente identificado com a preservação do tão desprezado escolasticismo.

A obra teológica de Calvino
 
A obra magna da exposição do pensamento teológico de João Calvino é conhecida pelo nome de "As Institutas". Em importância, influência e qualidade, essa obra parte da história da teologia. Ela poderia ser comparada, talvez, à Cidade de Deus de Agostinho, ou a Summa de Tomás de Aquino, possivelmente à Dogmática Eclesiástica de Karl Barth.
  As Institutas são um livro onde encontramos não apenas o melhor compêndio de teologia cristã, segundo alguns teólogos, mas também a base de uma cosmovisão cristã, cuja abrangência e consistência são sem igual na história da igreja. Ele ainda produziu comentários sobre quase todos os livros do Novo Testamento (exceto 2 e 3 João e Apocalipse) e, no Antigo, escreveu sobre o Pentateuco, Josué, Salmos e sobre os profetas maiores e menores (Isaías e Malaquias). A série Corpus Reformatorum contém 872 sermões de Calvino.
 
A biblioteca de Genebra possui 2035 desses sermões em manuscrito. Ele também publicou folhetos e tratados com temas apologéticos (contra católicos e anabatistas) e de assuntos gerais sobre a Reforma da Igreja. Um dos mais conhecidos é o tratado sobre a Ceia do Senhor (escrito quando estava em Estrasburgo), em que combate os pontos de vista do romanismo e do luteranismo e dá o seu próprio ponto de vista sobre a ordenança.
 
 Através de cartas se comunicou com outros reformadores, soberanos, igrejas perseguidas e protestantes encarcerados, pastores, colportores, e outros. Uma das mais famosas de suas cartas, além da que prefacia a sua obra magna, dirigida ao rei Francisco I, é sua resposta ao cardeal Sadoleto. Este ícone da teologia cristã ainda produziu escritos litúrgicos e catequéticos. Logo depois da 1ª edição das Institutas, Calvino escreveu o seu primeiro “catecismo” a que deu o nome de Instrução de Fé, em 1537, que verteu para o francês em 1538. Em Genebra, escreveu também com outro catecismo, ao qual deu o formato de catecismo mesmo, hoje conhecido como o Catecismo de Genebra. Ali escreveu também uma Confissão de Fé, livro de ordem litúrgica e administração eclesiástica (disciplina), saltério, etc.
 
Pelo volume de seus escritos se percebe a profundidade de seu pensamento. É certo que as Institutas, obra publicada em sua versão final em 1559, têm sido frequentemente comparadas às outras obras, com suas 512 questões, 2.669 artigos e mais de 10.000 objeções e réplicas - em sua abrangência e influência. Mas isto é confundir puro volume literário e influência histórica com afinidade teológica.
 
Como um estudo da evolução das Institutas indica, Calvino originalmente concebeu a obra em termos modestos, sem qualquer pretensão à abrangência metodológica. A reordenação do material, entre as edições no período de 1536 a 1559, reflete considerações mais pedagógicas que metodológicas. A preocupação de Calvino é mais humanista que escolástica – ajudar seus leitores, ao invés de impor-lhes um método sobre o pensamento.
 
 As Institutas de 1559 combinam as virtudes cardeais da educação humanista – clareza e compreensividade – permitindo a seus leitores acesso a uma apresentação clara e completa dos principais pontos da fé cristã, que Calvino desejava que fossem entendidos. Em nenhum ponto há qualquer evidência que sugira um princípio condutor, axioma ou doutrina – exceto a clareza de apresentação – que governa a forma ou a substância da obra. 


A amplitude  do pensamento de Calvino

A força do pensamento de Calvino não está na sua capacidade de expressar de modo claro, correto e profundo o verdadeiro sentido das afirmações bíblicas. O pensamento teológico do pastor curador de almas foi expresso com sua visão de teólogo e seu saber de jurista, focada em honrar a Deus acima de todas as coisas. Para ele as pessoas devem buscar a perfeição no cotidiano da vida, honrando a Deus pelas contínuas conquistas advindas do trabalho, pois a sua teologia é aplicada à vida como um todo e para servir à sociedade em geral.

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